quinta-feira, 14 de julho de 2011

REEDUCAR É RESSOCIALIZAR

Presídio de São Lourenço é exemplo em MG

Por Martha Bacci

O Presídio de São Lourenço se tornou um exemplo em ressocialização. Com a administração de Carlos Alfredo Sales, ex-sargento do Exército Brasileiro, Isabel Cristina Luiz Pereira, responsável pelos projetos aplicados na escola do presídio, coordena as atividades dos reeducandos. Hoje, mais de 40 projetos ajudam os presos a se reestruturarem e a encontrarem um novo caminho.

“Para trabalhar, é preciso estudar, ou seja, só se dedicando a escola e ao trabalho que é possível ter o direito a remissão da pena. Nós estamos transformando presos em pessoas prontas e preparadas para voltar à sociedade.” Declara Isabel cheia de orgulho dos alunos.

O presídio conta com diversas parcerias para que os projetos estejam sempre em andamento. A empresa Microtec está cedendo professores para um curso profissionalizante de estética e salão de beleza, que terá início no mês de março. A academia CAD também é parceira doando materiais e incentivando os reeducandos nas aulas de artesanato de onde saem lindos objetos que são vendidos por lojas parceiras.

Cada turma é formada por no máximo 20 alunos, mas já fazem parte desses projetos 94 homens e oito mulheres, que diariamente tem 6 horas de trabalho e 2 horas de estudos. A cada três dias de trabalho e estudo, eles passam a ter o direito de um dia de remissão da pena e todos que fazem parte da escola dizem que se sentem mais beneficiados do que isso, pois com educação, trabalho e a possibilidade de uma formação profissional, acreditam em uma chance após cumprirem a pena.

Além de todos esses projetos há também o incentivo ao esporte com aulas de dança com o professor Jairo e educação física com o professor Emerson. Os professores da escola são contratados via Secretaria de Estado da Educação e os reclusos passam por vários procedimentos, desde exames médicos, até provas de classificação para a alfabetização ou ensinos fundamental e médio (EJA e AJA), a escola foi reconhecida pela Secretaria de Estado de Educação em 2008.

O ensino religioso também é aplicado, pois de acordo com a educadora Isabel o auxílio espiritual juntamente com os projetos, ajuda o preso a encontrar um caminho mais calmo e tomar as decisões mais corretas.

Em 2009 as salas disponíveis para as aulas ainda não eram suficientes para todos os alunos, mas em 2010 foi feita uma reforma e novas salas foram construídas. Os professores contam com materiais doados por outras escolas, mas nem sempre é o suficiente para atender todos os alunos, para não faltar nada, a professora Isabel muitas vezes tira do próprio bolso uma verba para cobrir o que falta, mas as doações são sempre bem vindas e necessárias para o bom funcionamento e organização da escola.

Hoje, uma única sala abriga professores, diretores e secretaria, o espaço é pequeno, mas muito organizado. Eles estão na espera de um professor que seria cedido pela prefeitura para o início das aulas do AJA no dia 01 de fevereiro, mas ainda não se apresentou no local.

Não podemos nos esquecer também do projeto Vozes da Cela, lindamente coordenado e regido pelo nosso amigo e colaborador Zeca, que conta com 12 cantores que já fizeram mais de 250 apresentações até hoje, além de participarem dos festivais de coral de São Lourenço e Belo Horizonte.

É com pessoas como a Professora Isabel, o Diretor do Presídio Carlos Alfredo e o Juiz Corregedor do Presídio, Dr. Fábio Garcia, que o presídio de São Lourenço se tornou exemplo para as demais casas de detenção do país. Eles estão de parabéns pela iniciativa e por darem prosseguimento aos projetos.

Reporter de Emoções


Um bom repórter é aquele que está à frente de seu próprio tempo, está por dentro de cada acontecimento no mundo, notícias quentíssimas chegam às suas mãos sem explicação, e ele sabe sempre como transmiti-las ao mundo atual, moderno e cheio de críticas. A profissão de repórter é muito mais difícil do que todos julgam, ela é arriscada, cheia de pedras no caminho, competições e concorrência.

Todos querem ter as melhores notícias e muitas vezes guardam segredos para serem usados como armas em troca de informações que sejam de interesse de todos, mas só estejam ao alcance de poucos.

Tive um professor que dizia que o bom repórter é aquele que se entrega, sai nas ruas, vai atrás do que é importante, mas independente da informação colhida, tudo se torna notícia se partirmos de um ponto que desperte interesse no leitor. Ele me fez ver uma bomba em pequenas coisas, uma grande notícia em pessoas desconhecidas. Talvez o repórter do futuro seja assim, a procura de coisas novas, de notícias interessantes que estejam acima da realidade apenas, que sejam mais do que reais, que despertem realmente a atenção de todos e não só um grupo de pessoas restrito e fechado.

Um grande jornalista deve entrar na mente do leitor, ir além de uma notícia de momento, não que isso não seja importante, mas seria interessante se o repórter pudesse além de estar à frente do próprio tempo, estar à frente das expectativas.

Quando nós abrimos os jornais só encontramos notícias já esperadas, desgraças vistas com freqüência, fofocas além dos limites. “Rita Cadillac grava clipe de banda de forró e diz que não vai mais atuar em filmes pornôs”. “Aluno que queimou cabelo de professora não será punido”. É um “mix” de informações que não acrescentam, não ensinam e muito menos favorecem a vida daquele que procura notícias que mudem os seus dias, a sua concepção de ver o mundo.

Não que seja necessário esconder a realidade que está aí, correndo pelas veias dos jornais tentando abrir os olhos de uma sociedade sofrida e cansada da mesmice. Mas o repórter do futuro deverá mostrar não só o esperado, mas a realidade de forma positiva que enriquece opiniões e é capaz de formar grupos de discussão e não apenas de julgar o que parece ser certo ou errado.

O repórter tem o dever de coletar informações que chocam e emocionam, que façam o leitor pensar na realidade em que vive de forma com que ele se sinta na obrigação de procurar não só uma vida melhor, mas uma sociedade onde as pessoas consigam abrir o jornal pela manhã e terminar de lê-lo com um sorriso no rosto.

Talvez seja meio utópico querer que o repórter do futuro seja capaz de mudar pensamentos e meios de vida, mas se ele estiver cara a cara com a notícia que mesmo na pior das hipóteses ainda te mostre um novo meio de transformar o ruim em algo positivo, ele deve se apegar àquilo e mostrar a todos que mesmo num mundo de desgraças há quem mostre que tudo pode melhorar.